CELSO BARROS – SAPIÊNCIA E CARÁTER
Francisco Miguel de Moura*
Outrora só se chamava de doutor
aquele que fosse formado em Medicina ou em Direito (leis). Não há discutir a competência de Celso Barros
no campo do Direito. Nem me atrevo citar tantas obras suas, nesta matéria, para
não cometer esquecimentos ou pedir desculpas por falta de espaço visto que não
tenho competência para tanto. Quem quiser saber em profundidade da sua
bibliografia tem que ler o livro “Academia Piauiense de Letras – um pouco da
história, um pouco das ideias”, editado pela própria Academia, em
2018, na Coleção 100 da entidade.
Na verdade, sinto-me bem
pequeno para falar sobre Celso Barros Coelho, creio que pela segunda vez, em
artigo para o jornal, mostrando sua competência e seu caráter. Da primeira,
enalteci o grande orador que é, colocando-o na mesma altura e grandeza de um D.
Avelar Brandão Vilela, os dois maiores na arte do discurso que eu já ouvi.
Porém, Celso Barros é
muito mais do que orador. Historiador e filósofo, sob cujos aspectos me sinto
com algum conhecimento para tal, invoco-o, neste momento, mais sob o ponto de
vista de cidadão de caráter sem jaça e do ilustríssimo Acadêmico da “Casa de
Lucídio Freitas”. Como Presidente da
APL, fez profícua administração. Antes, quando me dispus a disputar uma vaga na
APL, ele foi um dos primeiros a me incentivar. Para mim, bastante honrosa tal
atitude. Muito me satisfaz e me envaidece dizer que ele é meu confrade, meu
irmão de letras, por causa da magnitude de sua sapiência e do seu caráter,
itens que escolhi para esta crônica jornalística. Quando penso no grande
representante que tivemos na Câmara Federal por duas legislaturas e na sua
eficiente atuação, vejo-me como um simples eleitor seu, que fui em todas as
eleições em que ele concorreu a cargo público, depois que me estabeleci em
Teresina.
Celso Barros é uma
daquelas pessoas ímpares, considerá-lo um gênio não é um exagero, pois elevados
são os seus conhecimentos, quer do Direito, da Filosofia, do Latim, tanto
quanto da Língua Portuguesa e de História. Outros temas podem ser indicados,
por exemplo a crítica literária, amante que é das musas e disto tem dado
bastante exemplo em livros e artigos. Sua obra é muito grande. Limito-me a
colocar, neste momento, sua história da “Academia Piauiense de Letras: Um
Pouco da História, Um Pouco das Ideias”, Teresina-PI, 2018, reeditada, onde
coloca de pórtico os versos do poeta Jônatas Batista, como se fossem sua
própria voz ao falar em literatura:
“Caminho sem
parar, sem curva, sem receio,
Sem fraqueza ou pavor, sem cobarde receio,
Meu destino a seguir, sem encontros temer.
A batalha me tenta, a guerra me alucina...
O
movimento é a vida, a vida me ilumina...
Nasci para lutar, na ambição de vencer”.
É realmente um livro para
quem quer conhecer a entidade centenária e seus membros, sendo Celso Barros um
dos mais elevados e estimados.
Não posso aqui esquecer
que logo abaixo dos versos do poeta e acadêmico Jônatas Batista, vêm as
dedicatórias aos historiados da casa, por ordem e em seguida: João Pinheiro (in
memoriam), Francisco Miguel de Moura e Herculano Morais. Esse
reconhecimento me cativa.
Outro livro que desejo
evidenciar, de sua autoria, é “Tempo e Memória” (2009), - uma joia de
alto valor pelo sentimento e grandeza com que coloca sua infância e juventude.
Celso Barros é uma daquelas
pessoas que chamamos de genial, quer no sentir e no fazer, quer no viver e no
tratar com o outro. Na ciência do Direito o é, com toda certeza, pois
reconhecido por todos os piauienses e brasileiros de modo geral que privam de
sua lhaneza em algum momento da vida.
Educação esmerada, caráter sem jaça. Muito humano: Como advogado, se
volta à defesa de causas justas e honrosas. Mas sua bondade e generosidade vai
além: Jamais deixou à mingua um pobre, sem condição pagar honorários. Tudo isto
falo não só por minha parte, desde que o conheci ao aportar em Teresina, vindo
do interior da Bahia. Ele já era, àquela altura, uma celebridade: Professor
exímio da Universidade Federal, Tive-o como mestre na cadeira de “Linguística”
quando a Faculdade Católica de Filosofia do Piauí ainda não se integrara à
Universidade.
Nascido aos 11 de maio de
1922, filho de Francisco Coelho de Sousa e Alcina Barros Coelho, em Pastos Bons
(MA), mas ninguém é mais piauiense do que ele, pois a maior parte de sua vida devotou
ao Piauí, especialmente Teresina, como se fosse aqui nascido. Porém jamais
esqueceu sua terrinha no Maranhão, a região de Pastos Bons, onde foi fundar a
necessária e importante Academia de Letras, História e Ecologia da Região, entidade
que desde o seu nascimento vem publicando o simpático e oportuno jornal “Pastos
Bons”, cujo órgão é por ele dirigido. A Academia de Pastos Bons completou, no
dia 15 de março de 2019, 15 anos de profícuo trabalho em favor da literatura,
da arte, da cultura e da ecologia da região.
Pois bem, o senhor Doutor
Celso Barros, na comemoração dos 15 anos de existência da dita Academia, estava
lá, justo quando completava 97 anos vida bem vivida e bem amada. Estava em Pastos Bons, a terrinha do seu
berço. E assim, em reunião da Academia Piauiense Letras, seus membros
proclamaram a data e prestaram a homenagem ao aniversariante. Bem que muito mais valia a proeza de 97 anos
de vida integral em corpo e espírito. Nada mais que justo, para um homem de
tamanha envergadura, dentro de tal idade e que auguramos que vá muito longe e
com saúde, íntegro como está, fazendo, sentindo e opinando, nos jornais,
revistas e onde quer que que publique seus artigos. Respeitadíssimo sempre,
pois seus atos e opiniões dão o exemplo, de homem competente e sábio.
Mas, repito, não estou
fazendo sua biografia, visto que a biografia dos homens de ação, corajosos,
sapientes como Celso Barros Coelho não pode ser feita em vida. E que ele ainda
tem muito o que dar, gozando de boa saúde física e mental. Meu proposto ao
render-lhe esta homenagem, em primeiro lugar foi mostrar alguns dos momentos
que com ele privamos e testemunhá-los aos meus leitores. Nem é bem um artigo, é
uma crônica que vem de dentro do meu coração.
_____________
*Francisco
Miguel de Moura, membro da APL, cadeira nº 8, que tem como Patrono, cujo patrono é poeta J. Coriolano (José Coriolano de Sousa
Lima)
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