DE AREIA A LOBO
Francisco Miguel de Moura*
De cada grão de areia
fiz versos, verbos sãos.
Palavra não
faltou
nem engoli meu ar.
Sem a intransigência
do lobo lá da estepe,
correndo contra a fome,
sem caça a se ferir
unha na pele em
vão
para beber-se a si
e a sangrar, a sangrar
qual um rio torto e seco
duro de dor, sem mar.
Como o rio que seca
e bebe areia e vento,
sem chuva, sem areia
morrendo pedra e dor
esbravejando o vento
avistando a praia
onde não vai deitar.
Esse lobo sou eu,
Ferido e a me calar.
__________
*Francisco Miguel de Moura, poeta
brasileiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário