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sábado, 19 de abril de 2025

 


A HORA VAZIA

             Francisco Miguel de Moura*

                                                   

silêncio sem boca nem fundo

esvazia-se no jarro partido.

 

a beleza da sala chora sem lágrimas

não tece preto nem branco.

 

cacos não preenchem o vazio,

são novos buracos cravados

no sangue da mão do menino.

 

e o vazio inquebrável

como qualquer desvio

da luz e do silêncio não se move.

 

nenhuma palavra.

 

palavras não enchem o vazio

nem a inutilidade dos desejos.

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*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

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