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sexta-feira, 16 de maio de 2025

 


                       PAULO NUNES, O CRÍTICO LITERÁRIO

                                                                Francisco Miguel de Moura

          Mestre Manoel Paulo Nunes, em suas conversas, de vez em quando lembrava o crítico literário Álvaro Lins (1912-1979).  É que Álvaro Lins representou a força crítico daquela época, ou seja, dos anos 1950/1980, quando era bastante lido pelos escritores. E eu devo dizer que me incluo entre seus leitores. Paulo Nunes, quando se referia a ele, o indicava com muita simpatia pelo espírito de crítico aberto e agradável ao tecer suas considerações sobre os autores e suas obras. Daí, então, a forma maneirosa e sapiente de Álvaro Lins, creio eu, tenha invadido a alma do Prof. Manoel Paulo Nunes.  

          Possivelmente, acredito eu que o leitor Paulo Nunes integrou-se àquela forma de lidar com os livros e seus autores. Um estilo simples, leve e atencioso que passou a ser chamada de “impressionista”, ao contrário da crítica pesada, mais profunda, denominada por nós de “expressionista”, a qual só mais tarde entraria em peso com a chegada e aprofundamento dos estudos universitários.

          Dito isto, sem sombra de dúvida, “Modernismo & Vanguarda”, de Paulo Nunes, está enquadrado nesse tipo de crítica que se convencionou chamar de “impressionista”, ao contrário da “expressionista”, porque voltada mais para obra do que para o autor.  Não que esse tipo de classificação da crítica literária seja excelente, mas era o que existia até então. Por outro lado, permito-me dizer que, ao ler artigos de crítica impressionista, sempre me vem à mente, a cada texto, como se próximos ao estilo da “crônica”, enquanto a crítica expressionista se aproxima bastante do que podemos chamar francamente de “ensaio.”

          Mas, classificação à parte, o que interessa aos escritores e não aos leitores, mais importante é que Paulo Nunes foi um exímio comunicador  por seus textos tão exatos e que são lidos com grande satisfação pelo estilo, pelas verdades que mostra de seus criticados. A ele podemos aplicar, com justiça, a fama de um estilista versátil da língua que tanto amou como professor, orador e mestre.

          “Modernismo & Vanguarda” foi  louvado  por muitos escritores antes de mim, por isto mesmo é que passo a tecer algumas palavras  sobre o homem de cultura, mestre reconhecidamente, e mais valorizado ainda por saber escolher para junto dos seus projetos culturais as pessoas mais aptas e mais inteligentes, um sábio condutor de gente de cultura como foi no caso da Presidência do Conselho Estadual de Cultura do Piauí (de modo especial, na editoria da “Revista Presença”, de muitas edições importantíssimas sob sua direção, levando ao Brasil e ao mundo a cultura do nosso Estado). Confirmo tudo isto porque, a seu lado, tanto no Conselho Estadual de Cultura, quanto na Presidência da Academia Piauiense de Letras, o assisti de várias formas e em vários momentos, com muita alegria, apoiando sempre suas iniciativas necessárias e aceitas de forma brilhante.

          Assim, posso afirmar, com todas as letras, que Paulo Nunes foi um ótimo crítico literário, fazendo o melhor de si para mostrar, na literatura, quais os autores que devemos ler e comentar sempre, como patrimônio da arte das Letras, em todos os tempos. É só ler sua última obra “Modernismo & Vanguarda”, a qual teve sua segunda edição pela Academia Piauiense de Letras, em 2017.

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*Francisco Miguel de Moura, poeta e crítico brasileiro, residente em Teresina, Piauí.

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