ALMA PENADA
Francisco Miguel d e Moura*
Alma
que vive ao o lixo e à poeira
da
estrada da vida, em desalinho,
não
reclama sequer um descaminho,
porque
o mundo não tem eira nem beira.
Alma
sem palma, em passos desavindos,
corpo
ferido, sangra... E é desprezada
à
voragem do tempo, amortalhada,
sem
vez nem voz, os dias lhe são findos.
Sem
sentir os que passam com motejo,
nem
mais outra alma vil, destrambelhada,
que
murmura: – Infeliz bicho! O que vejo?
Chegando
ao fim do único desejo,
o
de morrer, a triste alma penada
sente
a ave do céu trazer-lhe um beijo.
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