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quinta-feira, 13 de abril de 2023

 


ESSA CHUVA

 

            Francisco Miguel de Moura*

 

Essa chuva a bater no meu telhado,

pelas bicas descendo em borbotão,

tangida a raio, a ronco de trovão,

dá-me um sono tranqüilo e temperado.

 

Essa chuva matando a sede ardente

dos animais, das árvores, da terra,

dá pinceladas verdes sobre a serra,

cai-me no peito carinhosamente.

 

Essa chuva tão forte e barulhenta,

que não é “chuva de resignação”,

vem da lira de Deus que se arrebenta.

 

Essa chuva engravida, com certeza,

a semente do amor no coração...

Abre-se em flor e fruto a natureza.

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*Francisco Miguel de Moura, poeta. Este soneto está

em “Areias”, minha estreia, reeditado agora, depois de

55 anos.

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