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quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

 


DERROTA OU VITÓRIA?

 

         Francisco Miguel de Moura*          

 

Quem de si se liberta será alguém

Que invoca a Deus e denega a razão?

 

Não se faz arte ingênua ante a matéria.

O artista ama as substituições do ferro

Pelo barro, pelo berro, pelos gritos.

Como os santos fizeram, há que chorar

Pelas dores que os outros vão vestir.

 

Há de descer aos limites sem limite,

Há que sorrir pelo que está de fora.

Sentidos, sons, cheiros, e cores lavra:

Menos que a cor, melhor a diferença;

Se mais som menos música, surdo ser;

Se mais forma vê, vê as deformações.

 

Não iludir que o mal não é tão mau;

Nem que eterno é o belo ou o parecer;

Mostrar mais diferenças do que o feio

Que pode ser mais belo que o espelho

Se for visto por lentes sem contexto

 

Se arte é ajuda, o viver transforma,

Vencer é não gritar “vim, vi, venci”:

Em cada rota há uma parede envolta.

 

Libertar é vencer milhões de monstros.

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Francisco Miguel de Moura, poeta do Piauí e do Brasil. Poeta do mundo. 

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