COLCHA DE RETALHOS
Francisco
Miguel de Moura*
A flor está no campo, muito branca,
uma flor de jasmim, que fica bem
nas mãos de uma menina branca e
de vestes brancas – eis a cor que tem.
O arco-íres logo aponta e encanta-
se na lombriga... Por fome intensa,
o “zinho” branco come e limpa os dedos.
E o céu soçobra, em nuvem brancas,
não tem dó, qual um pior vizinho.
Nem preto, azul, nem o vermelho
comandariam o universo inteiro:
Azedo eu sou, pois ando de amar (elo).
E não é preconceito? O horizonte
se cobre em cinzas, pesa em chumbo,
anulando as demais colorações
do arco-íres, à íris dos teus olhos.
Assim, Maria? Ok, vais construindo
a sua submissa dor, a sós, a solidão
na indefinida colcha de retalhos.
Nem preto, azul, nem o vermelho
comandariam o universo inteiro:
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*Francisco
Miguel de Moura, poeta brasileiro.
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