Páginas

quarta-feira, 22 de junho de 2022

 

PRÉ E PÓS PERIPANDÊMICOS

                                     Francisco Miguel de Moura

 

          Em poesia da melhor, por meio dos poetas Luiz Aírton Jr., Leandro Cardoso Fernandes, Diego Mendes Sousa, Marcos de Sousa Freitas e Rafael Noleto, chega-nos esta transfigurada luta espiritual contra o Covid 19, cada um com sua voz ora suave, ora vibrante, ora em cicios, traduzindo em simples palavras que são versos, poemas, testemunhos e participantes da crise humanitária que abalou o mundo, nestes últimos anos e continua a preocupar, sabe Deus até quando.

          “PERIPANDÊMICOS”, por ser uma simples antologia, fica difícil dizer da sua unidade estilisticamente, salvo aquela que se refere ao tempo, quando o mundo conviveu e convive ainda com o demoníaco vírus. Poetas como Diego Mendes Sousa, Marcos Freitas e o Luiz Airton Jr, este o organizador da obra, para citar apenas os três mais conhecidos do público, são a representação do que há de melhor e mais nitidamente poético nestes agudos tempos de sofrimento.

Assim vejo os cinco poetas componentes da obra, unidos pelo mesmo tema, onde aparecem até sonetos, provando a ambição de unir poéticas do passado, do presente, já apontadas para o futuro próximo e pouco previsto. Respeitado o que se denomina de estilos pessoais, o que mais importa para o público comum é o tema, a dor, a guerra contra o vírus, as lágrimas que eles transfiguram em versos como se diante dos caixões fechados dos entes queridos, mães, pais, avós, irmãos e tantos outros, mesmo sabedores de que “palavra nenhuma suporta a dor da solidão”,  eles confirmam o que disse outro grande poeta, o romântico-moderno Guilherme de Almeida: “Há lágrimas que correm pela face / e outras que rolam pelo coração.”

          “A poesia salva”, tenho dito em outras partes, e agora acrescento que, sem poesia, o mundo fica mais pesado, mais triste, mais desumano. Poesia é beleza, é bondade, é a palavra virgem, na força que vem da alma e voa até aqueles que a ouvem ou imaginam. Não custa elogiar a poesia que vem para minorar a profunda dor que experimentamos física e socialmente, nesta pandemia, reunida em P E R I P A N D Ê M I C O S, formando uma espécie de epopeia da ultramodernidade, de autoria dos aedos já mencionados. Dizendo assim, faço a ligação que eles mesmos se fazem citando nas epígrafes dos seus poemas, nomes famosos como Carlos Drummond de Andrade, Antônio Carlos Sechinn, Augusto Frederico Schmidt e outros da mesma estatura.

          Embora que seja por alguns momentos, a salvação pela poesia é necessária. E nesta obra os autores, por diversas formas, fazem sentir que a vez, a voz e a cor da poesia podem minorar a solidão e mostram novo caminho para os passos que ainda haveremos de dar, em busca da vitória desta batalha e de outras que o mundo venha a nos oferecer.

          PERIPANDÊMICOS é, realmente, uma obra forte e rica, admirável em todos os sentidos.

                                                                       Teresina, 22/06/2022.

Nenhum comentário:

Postar um comentário