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sexta-feira, 25 de junho de 2021

 


                                            POEMA INCONCLUSO

 

                                                  Francisco Miguel de Moura*

 

Um poema estornado da garganta,

que não seja meloso acima dos afetos.

Poema do meu querer concreto,

do meu querer absurdo.

E que nenhum leitor, por mais astuto,

possa mostrá-lo além do branco e preto.

Que seja assim um poemas absoluto

e simples como a flor sem cor nem nome.

que dorme ao fim da tarde.

Que todas as línguas vivam meu poema,

escondido de mim, alheio, sem razão,

 universal no sangue e na desgraça...

Que a alma não sinta, não possa retê-lo,

quer ande ventos, nuvens, tempestades,

por incultos caminhos, imperfeitos.

 

Esse poema tenho feito a vida inteira,

por meus buracos negros e galáxias.

_____________

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, nascido no Piauí, 

residente em Teresina, Capital. 

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