1
Eras tu a mais linda da
cidade.
E eu cheguei, um matuto
impertinente,
apelidado até de inteligente
por colegas, amigos na
verdade.
Teus sorrisos me enchiam de
vaidade
e àqueles que te tinham de
inocente,
e a mim me enfeitiçaram de
repente,
como ninguém calcula. Ninguém
há de
saber o que lutei para
ganhar-te,
para querer-me ali, e em
qualquer parte,
e, enfim, nos enlaçarmos com
ardor.
Fogo em que conservamos, te
asseguro,
a minha felicidade e o teu
futuro
para viver tão puro e santo
amor.
2
Mudam-se tempos, vidas e
pesares,
mas, como outrora, a amar
continuaremos.
Amo-te mais, não queiras nem
saber,
amas-me mais, agora é como
sempre.
Se outrora caminhamos de mãos
dadas,
era o medo do mundo e suas
garras.
Já hoje nos soltamos pra
andar juntos,
pra mais amar, que o nosso
amor se aclara.
Teu corpo de menina e de
mulher
que tanto outrora já me deu
ciúmes,
hoje é prazer e graça como
nunca.
Sendo eu feio, invulgar, e
tu, tão bela,
formamos lindo par por toda a
vida
e abraçaremos outras se inda
houver.
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Francisco Miguel de Moura (Chico Miguel) é poeta e ficionista, autor dos dois sonetos aqui postados, em homenagem a sua união com Mécia, há de 59 anos.
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