Francisco Miguel de Moura*
Escritor,
.
Piauí, terra filha do sol do Equador. Somos uma “terra
filha” e não enteada, como a Globo, em seu silêncio, nos trata. Piauienses, somos
filhos deste território imenso que é o Brasil. Que isso não seja razão para que
façam vista grossa à nossa geografia, por aí afora. É preciso que os
brasileiros e suas empresas (a TV Globo, por exemplo) saibam que o Piauí é um
Estado da Federação Brasileira, que o Piauí existe realmente. Teresina é sua
Capital (a cidade que o grande escritor Coelho Neto apelidou de “Cidade Verde”).
E a “Serra da Capivara” é o berço do mais antigo homem que aqui aportou e viveu,
desbancando a teoria dos Estados Unidos. Segundo eles, os primeiros habitantes
do Velho Continente teriam passado pelo Alasca até chegarem à América do Norte.
Mentira! Eles querem ter tudo, ser os maiorais.
Tudo isto e muito mais, que não vou falar aqui, é nosso
valoroso Piauí. Para a Independência do
Brasil, demos o primeiro grito e fizemos a primeira batalha “A Guerra do Jenipapo”.
É necessário que esses homens e mulheres que fazem a
mídia no resto do Brasil sejam alfabetizados geograficamente. Não saber onde
fica a Serra da Capivara é demais! Nas Olimpíadas falaram: “É no Brasil”, mas
silenciaram o Estado, pra não falar no Piauí, talvez por preconceito de
pobreza. Falo nos jornalistas,
radialistas e nos da televisão.
Todos nós assistimos aos jogos olímpicos e às transmissões
excelentes da Rede Globo. Mas ela pecou por omissão, por ignorância ou por
maldade, não citar o nome do Piauí, quando falou na “Serra da Capivara”. É imperdoável,
repito.
Aliás, o Piauí só é citado na Globo, na parte do
“Jornal Nacional”, quando, por obrigação, tem que mostrar todo o mapa meteorológico.
E se apontam e destacam o Piauí, é pelo nosso bendito calor, como se não houvesse
outro lugar mais quente. Há, entretanto, dias e estações em que o Tocantins
aparece como mais quente do que nós.
Na transmissão das Olimpíadas, outro pecado
imperdoável foi o de abreviar o Hino Nacional. Os símbolos de uma nação, aqui
ou além, não podem ser adulterados, sob nenhum pretexto. São sagrados.
Representam a Nação.
Senti tristeza, tanto quanto do insucesso da nossa
Sarah Menezes, nascida em Timon - MA. Entretanto todos nós a consideramos
piauiense, por sua vida, estudos e preparação técnica, tudo feito aqui.
Sentimos a perda de sua medalha nessas Olimpíadas. Considero que foi falta de
sorte, não posso acreditar em erro no julgamento dos pontos para chegar à
batalha final.
Aliás, também já houve uma tentativa infrutífera de
reduzir o nosso hino, o hino do Piauí, cuja letra é de um dos maiores poetas
brasileiros, Da Costa e Silva. Porque nasceu aqui, seu nome permanece um pouco
desconhecido dos fazedores de antologias e livros escolares, com sede no Sul e
Sudeste, mas principalmente no Sul – São Paulo.
Este e outros males, agravados com advento do ENEM, fazem que as escolas
de todo Brasil adotem uma linha predefinida e quase única de obras produzidas
na Região Sul, por ordem não sei de quem, enviadas para todas as escolas do
Brasil, para a rede de livrarias. Assim, como ficariam a regionalidade de nossa
Educação, os problemas e singularidades regionais? As regiões, coitadas, como
ficam? Que vão fazer, agora, seus literatos, geógrafos, historiadores, sociólogos
e matemáticos? Será que não podemos contribuir com nada? Toda a ciência
inteligente fica mesmo em São Paulo/Rio? Toda a política cultural deve vir de lá, oficialmente
de Brasília, que não sabe de nada, somente de corrupção? Mas só falam nisto
quando alguns gatos pingados são presos pelo Dr. Sérgio Moro.
Quando o PT começou a mandar no Brasil, a partir de
São Paulo, com o Lula e depois com a Dilma Roussef e sua “trupe”, foi que houve
reviravoltas no país. Está na constituição. Os jovens não querem mais ser
brasileiros, querem declarar-se de cor e assim conquistar, mesmo sem mérito, a
vaga na Universidade. Para tanto basta declarar-se: – “eu sou afrodescendente”.
Todo o ensino oficial corrompeu-se: a
língua e a maneira de ensinar-se (ou de emburrecer-se). Outrora, no meu tempo
ainda, o Hino Brasileiro era cantado na Escola, todo dia, não apenas em dias de
festa. Hoje ninguém mais sabe o seu hino. Sabe o hino do Rio de Janeiro, o hino
do Flamengo, e por aí vai.
Lembro-me de uma frase bastante divulgada na imprensa
do Sul, assim mais ou menos expressa: - “Vá
ao Piauí, antes que ele se acabe”!
Era o tempo da Ditadura de 1964, mas o Piauí tinha um ilustre homem, aliás,
dois, nos altos escalões: Petrônio Portela e Reis Veloso, no tempo do Geisel e
sua abertura “lenta e gradual”. Então, Alberto Silva era nosso Governador. Foi
quando ele, com sua equipe “karnaquiana”
de jornalistas cunharam a seguinte frase que veio a apagar definitivamente
aquela: - Venha ao Piauí, antes que você
se acabe!
Nunca mais tivemos governador como o Alberto Silva,
que amava o Piauí e tinha coragem de dizer aos quatro ventos, não importando de
onde viessem os maus ou os bons sopros. Quando
teremos outro Governador assim, que cuide de divulgar, da melhor maneira possível,
o nosso Piauí? Louvo pessoas como ele, o Alberto Silva; louvo pessoas como Niéde
Guidon, que deu sua vida e sua alma pelos sítios encantados e as riquezas
arqueológicas da “Serra da Capivara”, muitas vezes precisando brigar com as autoridades.
Louvo os citados Petrônio Portela e Reis Veloso, que merecem nossas maiores
homenagens pelo que fizeram pela nossa terra.
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