quinta-feira, 9 de abril de 2009

ENTREVISTA : FRANCISCO MIGUEL DE MOURA - ESCRITOR


Por JADSON VIANA (Colégio Diocesano)

Por e-mail: Enviado em 13 de setembro de 2008

Senhor Francisco Miguel de Moura, por ser mais prático, estou enviando as perguntas da entrevista para o senhor responder, caso não seja possível podemos fazer a entrevista por telefone como sugerido pelo senhor as 13:00 horas de segunda-feira dia 15.

Perguntas/Respostas:

- 1ª Quando o senhor despertou o interesse pela literatura? Como? Por quê?

FMM - Foi muito cedo, talvez tivesse 11 a 12 anos Ficava na mata – morava no interior, naquela época - ouvindo os passarinhos cantarem, cada um com sua modulação e voz, vendo-os às vezes em suas variadas cores e pensava algo parecido. Já havia lido poemas, na escola, de Olavo Bilac a Castro Alves, de Casimiro de Abreu a Álvares de Azevedo. Então passei a tentar imitá-los, na escola, quando nos períodos vagos, ou na hora da merenda, etc. Mas não mostrava a ninguém.

- 2ª Qual a sua preferência em relação as suas obras? Por Quê?

FMM - Não tenho preferências. É claro que de algumas a gente gosta mais, principalmente daquela que se acabou de escrever ou publicar. Meu melhor romance, nessas condições, é “D. Xicote” (parece mas não é D.Quixote, que só li depois que escrevi o meu). Meu melhor livro de poesias é a “Antologia” (poemas escolhidos pelo autor).

- 3ª O senhor costuma visitar a sua terra natal? Lhe traz boas lembranças?

FMM - Sim, todo ano, principalmente em outubro, quando há festas da Padroeira. Também, no mesmo mês, vou a Picos, cidade próxima, onde há um evento literário para o qual sempre sou convidado a fazer palestra. As lembranças de minha terra, do meu tempo de criança continuam comigo aonde vou, mas é claro que, visitando a terra, elas afloram mais fortes. Já minha adolescência foi muito bagunçada, não sei bem onde curti seus anos, pois meu papai vivia de mudanças, ora aqui, ora acolá.

- 4ª O que o senhor quis dizer com “as coisas estão com medo.” No poema es curo?

FMM - O discurso literário é plurissignificativo. No meu entendimento como leitor de mim mesmo - se estou poetizando com a natureza ¬– claro que aí são as “coisas” da natureza modificadas pelo homem. A natureza vira coisa na mão dos homens, rio ou esgoto, ar ou fumaça, árvore ou erva daninha. Mas, se você quiser, também o significado pode estender-se realmente às coisas (que estão sobrando nas prateleiras, nas bancas, nas fábricas nos armazéns), humizando-as e daí o sentimento de medo que elas podem (e devem) ter nestes tempos de horrores: fura
cões, tufões, tsunamis, etc. Daí elas (as coisas) podem ter seus dias contados, sua glória quebrada por uma segunda morte, a morte por extinção completa das suas formas.

- 5ª Para o senhor, qual foi o auge da sua carreira como escritor?

FMM - Agora, quando acabo de publicar minha “Fortuna Crítica”, uma antologia de artigos e ensaios sobre a minha obra – prosa e poesia – contando entre os participantes com ensaio artigo ou carta, autoridades como Drummond, Fernando Py, O. G. Rego de Carvalho, Magalhães da Costa, Rejane Machado, Manoel Paulo Nunes, Assis Brasil, Oton Lustosa, entre outros.

- 6ª O senhor está trabalhando em alguma obra atualmente? Se sim, pode nos dizer do que se trata ou adiantar algo?

FMM - Sempre estou trabalhando em alguma obra, às vezes em mais de uma. É o caso de agora: estou preparando meu quinto romance, “O Crime Perfeito”, terminando de escrever “O Menino quase P
erdido” e meus poemas inéditos, que, com o volume atual, fazem 5 – só os inéditos.

- 7ª O senhor acha que e possível mudar as pessoas através da literatura?

FMM - Não é possível a mudança nas pessoas, salvo por elas próprias, aqui estão excluídas as crianças, porque ainda não são pessoas propriamente ditas – são criaturas. As mudanças pessoais só vêm com a vontade (grande vontade) de quem assim o quiser. Claro que nada é capaz de mudar ninguém se ele próprio não quer. A vontade é a alma. Mas pode ser, apenas como hipótese, que uma grande obra venha a mudar o rumo de uma vida, e, quem sabe, de muitas vidas. Na literatura universal, por exemplo, conheço “Crime e Castigo”, obra que pode mudar o mundo interior dos leitores. Como, aliás, todas as demais de Dostoiévski e também as de León Tolstói, por coincidência dois autores russos. A Bíblia tem mudado o mundo, pelo menos desde o advento de Jesus, que pregava a lei do amor, não mais aquela do “dente por dente, olho por olho”, de Moisés.

– Jadson: - De já agradeço

– Francisco Miguel de Moura: - Eu é que fico comovido por me ter escolhido para esta entrevista. Boa noite! Ou já é bom dia?

***
Notas Biográficas:

Francisco Miguel de Moura – Escritor (poeta e prosador), brasileiro, mora em Teresina, nasceu a 16-6-1933, em Francisco Santos – PI (na região de Picos). Estudos primários com seu pa, ginasial e escola de comércio (3º grau) em Picos. Licenciado em Letras (Literatura e Português), pela Faculdade Católica de Filosofia do Piauí e pós-graduação em Crítica de Arte, em Salvador – BA. Estreou em 1966, com “Areias” (poemas). Seu lançamento mais recente: “Antologia” (2006), em comemoração dos seus 40 anos de escritor. Seu livro de ficação mais recente, premiado pela Governo do Estado (Fundação Cultural do Piauí). Foi o “ D. Xicote” (2007).

Jadson Viana – Aluno da 7ª série do Colégio Diocesano (São Francisco de Sales ) – Teresina – Piauí.

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